Em um dos pontos altos da Serra da Mantiqueira, na cidade de São Francisco Xavier, SP, a casa de campo parece pousar no terreno de 30 alqueires. Focada na sustentabilidade, a construção de 380m² foi implantada em diferentes patamares para evitar grandes cortes no lote inclinado, que interfeririam na topografia natural. “Os proprietários escolheram o local mais elevado da encosta, onde puderam aproveitar melhor a vista da região serrana,com boa insolação e uma área na frente para criar o lago”, conta o arquiteto José Cláudio Falchi, que projetou a casa em L, voltada para o vale, com deque no vazio central, para o qual se abre a maioria dos ambientes.
Com telhado de duas águas, a construção é simples, mas tem detalhes sofisticados, como as paredes principais de pedras brutas, catadas nos pastos da região, erguidas pela mão de obra local. Com espessura de 40 a 50 cm, são autoportantes e se somam às estruturas de concreto auxiliares e às paredes secundárias de alvenaria de tijolos com massa grossa. Deixadas sem reboco nos interiores, as pedras ganham mais do que função estética. “Elas têm características térmicas interessantes: mantêm o calor da lareira no inverno e ficam frias no verão, tornando os ambientes agradáveis”, explica o arquiteto. Para a ventilação constante nos quartos, ele desenhou portas balcão, algumas com venezianas bipartidas, tipo de cocheira, que permitem a abertura apenas na parte de cima.
Outra preocupação sustentável do projeto aparece no reaproveitamento de materiais: alguns são de casas demolidas no Paraná, como o assoalho de ipê e a porta de pinho-de-riga. “Usamos madeira de demolição e troncos de eucalipto como vigas, que ficam aparentes no teto e nos grandes caixilhos”, afirma José Cláudio. Ele optou pela transparência do vidro para fechar os espaços sociais sem bloquear a visão do exterior. “Instalei a lareira em uma estrutura de madeira com vidro na sala, onde a paisagem do vale é mais bonita”, explica. O mesmo tipo de caixilho aparece na entrada principal, na lateral da casa.
A partir do living, no eixo central, acontece a distribuição dos ambientes. A suíte do casal fica em uma das pontas do L, na fachada da frente, no mesmo patamar da sala de estar. “Deixei a área social aberta. Subindo três degraus, chega-se à sala de jantar, que é separada da cozinha apenas pelo fogão a lenha”, explica o arquiteto. No nível da sala de jantar, ao lado da sala de TV, duas suítes ocupam a outra ponta da casa. Dos quartos e da sala de estar, basta descer três degraus para chegar à varanda e mais quatro para ir ao deque. A partir dali, escadas de pedra levam à sauna, em construção anexa, e, um pouco abaixo, ao lago com pérgola de ipê sobre pilotis de concreto.
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